Você pode estar contaminado

 

Uma gravíssima doença foi disseminada no Brasil. Milhões de pessoas contaminadas. Não é dengue, não é câncer, não é AIDS e nem mesmo a gripe suína. A busca pela cura, por medicamentos eficazes é exaustiva, mas insuficiente para o seu extermínio. Os sintomas aparecem em todos os cantos do país e a população está se mobilizando. Os cientistas ainda não descobriram seu nome, mas é popularmente chamada de pérolas da língua ou ainda assassinato do português. Essas pérolas "saltam aos olhos" em cartazes, placas, bilhetes, folderes, anúncios e jornais. O pior, ela ataca a todos, independentemente da classe social, da escolaridade, da etnia.

O Enem - Exame Nacional do Ensino Médio, provou mais uma vez a precária situação não só em relação à escrita mas também ao conhecimento - o tema da redação era ecologia. Foram escritas frases como: "os desmatamentos de animais precisam acabar", muito bom; "precisamos de menos desmatamentos e mais florestas arborizadas", ou ainda "o problema ainda é maior se tratando da camada Diozoni"; mas nada melhor do que frases de impacto "não preserve apenas o meio ambiente, mas sim todo ele" e "vamos deixar de sermos egoístas e pensarmos um pouco mais em nós", além disso à uma preocupação com "o fenômeno Euninho". O que pensar depois de constatar os sintomas? A educação não vem precisando de uma mão, mas de um braço inteiro.

Calma, não pense que acabou, os problemas não param por ai. Se você estiver viajando e bater aquela fome poderá observar as placas de restaurantes pelo caminho: "CHURRASCARIA, rodízio, marmitex e serve-serve-se", mas se você estiver só afim de um lanchinho "Temos clokete tipo alemão", se você for fumante compre "Calto 2,50" e se tiver com sede tome "cocô gelado". Nossa, quantas delícias.

Às vezes, a chacina vem de artistas, jogadores, apresentadores famosos da TV... bom, aí as proporções são ainda maiores. Carla Perez, por exemplo, no quesito português é nota dez. A dançarina ficou famosa pelo seu domínio em português e conhecimentos gerais: "começa com i de iscola" e "fala de onde? Blumenau... Oba! Mais um gaúcho". O jogador Jardel relata uma jogada com categoria "Eu peguei a bola no meio do campo e fui fondo, fui fondo, fui fondo e chutei pro gol".

A doença continua se propagando, é maligna e contagiosa, o relato acima foi só uma palinha dos graves sintomas. O cuidado deve ser redobrado, a língua portuguesa precisa ser recuperada. Não se sabe se é vírus, bactéria ou fungo, o que existe são desculpas para "explicar" seu descontrole.

Por Cristina Benetti Cezimbra – Acadêmica de Jornalismo UNIJUÍ.

 

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