- Cleuza Noal Brutti
- Abril 2010
- Acessos: 6673
Selecionado, trabalho que a Emater/RS-Ascar realiza com indígenas será apresentado em Santa Catarina
A metodologia utilizada pela Emater/RS-Ascar ao longo de seis anos junto a 31 famílias indígenas de Salto do Jacuí foi selecionada e será apresentada no 3o Simpósio de Segurança Alimentar, promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos no período de 31 de maio a 2 de junho, na Praia dos Ingleses, litoral norte de Santa Catarina. "Iremos detalhar como é a metodologia Unidade Didática, utilizada na aldeia Tekoá Porã, onde vivem as famílias da etnia guarani", explicou a assistente técnica regional da área de Bem-Estar Social da Emater/RS-Ascar de Ijuí, Márcia Breintenbach.
O trabalho também é assinado pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar,Tânia e Dionísio Treviso, e Antônio Altíssimo, diretamente envolvidos, juntamente com a colega e antropóloga Mariana Soares, com o trabalho iniciado em 2003. "Nos deparamos com uma realidade diferente daquela vivida por agricultores familiares", contou Tânia. "Os alimentos não servem apenas para alimentar o físico, mas, sobretudo, para alimentar o espírito", disse ela.
Descendentes da grande nação Guarani, os Mbyá Guarani têm uma relação espiritual com a natureza, que, para eles, é um presente do deus Nhanderu. A vontade de preservar a magnífica cultura ancestral deste povo que resiste e se expressa, conforme disse Tânia, através da "linguagem do coração", aproximou os Mbyá Guarani dos extensionistas da Emater/RS-Ascar.
O respeito mútuo, segundo a Emater/RS-Ascar, permitiu vencer a barreira da língua e manter produtivas as roças da aldeia, através de uma metodologia que envolveu seminários, implantação, capina, colheita e gerorreferenciamento das roças. "O objetivo desse trabalho é manter a soberania alimentar, considerando os aspetos ambientais, mitológicos e tradicionais da produção de alimentos, com base na sustentabilidade étnico-cultural", resumiu Breintenbach.
Planta Sagrada
O milho (avati) é utilizado no ritual de batismo das crianças (ñen mongaraí), momento em que é feita a imposição do nome guarani aos indiozinhos recém nascidos. O milho também é um dos principais alimentos dos Mbyá Guarani, além de feijão (kumanda), mandioca (mandió), batata doce (jety), amendoim (manduví), melancia (xandiaú), abóbora (andai).
OBS: na foto, Tânia Treviso (ao lado do colega e engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Volnei Righi), utiliza objetos para falar sobre conservação do solo com os Mbyá Guarani, da aldeia Tekoá Porã de Salto do Jacuí.
Por Cleuza Noal Brutti - Assessora de Imprensa da Emater/RS-Ascar Regional Ijuí.